Portal RAP NACIONAL entrevista Slim Rimografia

Desde que foi anunciado como um dos participantes do programa Big Brother Brasil, da Rede Globo, o rapper Slim recebeu muitas declarações de apoio, mas também foi criticado por pessoas que não entenderam o seu propósito em aceitar o convite. Mas, como ele mesmo fala nesta entrevista, só quem conhece realmente a história sabe os motivos que cada um tem para aceitar ou não. Para entender melhor esse momento na vida de Slim, nada melhor do que conversar com ele e saber como ele foi parar no Big Brother e como tem sido seu retorno as ruas. Confira abaixo essa entrevista exclusiva que o Portal Rap Nacional fez com Slim Rimografia.

Como surgiu o convite para participar do Big Brother Brasil?
Slim: Uma pessoa da produção do programa entrou em contato com um amigo meu. Eles estavam procurando alguém com o meu perfil e ele me indicou. Eles se interessaram e me convidaram para participar das entrevistas, da seleção que eles fazem. Conversei com o Thiago e com a minhã mãe, ela ficou muito feliz e disse que queria muito que eu fosse. No início eu fiquei meio cabreiro com a ideia, falei que ia pensar e liguei no outro dia para dar a resposta. Depois de conversar com o meu brother e com minha mãe eu decidi que não ia deixar passar batido não. Resolvi fazer os testes e rolou de eu entrar.

A sua foi eliminação do programa aconteceu com 75% dos votos. Você acredita nesse percentual? Acha que realmente foi o público que votou?
Slim: O que eu percebi é que na minha votação foram duas torcidas, a da Vanessa e da Clara, que era a “Clanessa”. Elas tem uma força muito grande e as torcidas se organizaram para que a Clara ficasse. Eu acho que esse número é muito dos votos delas. E também porque acho que a galera pensava que eu não ia sair e não se empenhou tanto em votação, em campanha. Esse 75% acho que não foi rejeição, foi só um lance das torcidas delas mesmo.Na rua eu recebi um carinho muito grande, tinha muita gente torcendo para eu ganhar. Tanto que a maioria dos comentários que tenho são em relação ao meu caráter, a diferença que eu fiz lá dentro. Eu acho que eu não tenho muito um perfil de Big Brohter. De repente eu não tenha atingido uma galera que sempre assistiu ao programa, porque eu não sou o tipo do cara que criou barraco lá dentro, não fiz casal. Acabei seguindo bem tranquilo, não entrei em brigas desnecessárias, não me alterei com ninguém e isso é um perfil muito diferente. Mas isso foi muito bem visto do lado de fora e muito elogiado.

slimrimografia

Como você encara as críticas que algumas pessoas do hip-hop fizeram a você?
Slim: Eu encaro numa boa, porque eu acho que todo trabalho, de qualquer pessoa, de qualquer artista, sempre terá uma crítica. Até pelo fato de eu mesmo já ter criticado esse tipo de programa por não passar nenhum tipo de informação. A televisão não tem quase nada de informação, é mais para ficarmos alienados mesmo. Só que ao mesmo tempo era uma oportunidade de eu ir lá e levar algo diferente. Então eu preferi colocar a cara a tapa e invadir mesmo. Sei que muita gente não concordou, principalmente de início, porque não sabia qual seria minha postura lá dentro. Mas se a gente for olhar temos muitos pontos positivos, principalmente pelo fato de ter o cara da periferia lá. Muitos poucos programas tem alguem com um boné escrito favela e com orgulho disso, de fazer rap, de ser preto. Isso já é um grande ponto e outro é você estar lá dentro e conseguir passar um pouco do que você acredita, do rap, da conscientização, dos valores que nós temos, do que é a cultura. E quem imaginaria que num domingo a tarde alguém recitaria Sérgio Vaz no Domingão do Faustão? E quem imaginaria que num Big Brother, num final dele, o próprio Bial recitaria versos da Canto de Vitória, falando sobre o orgulho de sermos pretos e não nos vendermos pelo dinheiro, porque vitória será quando estampar um preto na nota de cem. Eu acredito que foi muito positivo e críticas sempre existirão. Se nos prendermos as críticas não vamos fazer nada, porque o certo para um é errado e o errado para outro é o certo. Eu simplesmente sigo meu coração, não fico tentando convencer essas pessoas. Minha caminhada esta aí e quem quiser acreditar nela acredite. Eu vou seguir sempre lutando por aquilo que eu acredito e priorizando as pessoas que eu amo, acima de tudo, que é minha filha, minha família e amigos reais que eu tenho.

Mas você não recebeu só  críticas por parte do movimento, teve também muita gente que lhe apoiou. Como você avalia isso?
Slim: Eu vejo isso como uma causa nossa. Lá fora eles tem uma parada de um defender o outro, não se separar. Eu acho que essa galera acaba se vendo ali, quem conhece a história realmente consegue entender os motivos que as pessoas tem para fazer as coisas. Então antes de apontar a galera começa a pensar, a enxergar o outro lado da moeda. É lógico que se eu tivesse muito bem, se a minha carreira estevisse ótima eu não iria entrar lá, eu teria vários shows, várias outras coisas para fazer. Viver de arte é uma parada muito díficil, você tem várias responsas e muitas vezes uma oportunidade, por mais inusitadas que seja, você tem que abraçar para conseguir mudar alguma coisa e não deixar que ela mude você. Eu vejo esse apoio porque as pessoas se viam lá. Eu vejo esse apoio do rap, da galera que fala de mente aberta e que no primeiro momento até estranhou, mas depois resolveu ver qual que é. Eu percebi isso também na Galeria do Rock, ali no subsolo onde é o espaço do rap, eu vi muita gente falando isso. Teve um cara que me falou que no começo falou mal, mas depois viu minha postura e tirou o chapéu e disse que antes me respeitava musicalmente e agora me respeita também como pessoa. A galera do rap tem que ver que as pessoas da periferia tem que ter informação e as vezes não tem informação através do rap porque ele não chega. E se tem um veículo que chega até eles, porque não ter alguém do rap lá? Isso é uma forma da driblar tudo e conseguir microfonar mais o nosso conteúdo. Eu apoiaria alguém que estivesse lá. Se o cara não perder a ideologia dele, tem que estar lá. Não temos que só falar para quem já conhece e já sabe o que tem que fazer, temos que chegar e mostrar o caminho que tem que seguir para quem ainda não sabe.

Captura de Tela 2014-04-11 às 00.45.33

Como que esta sendo esse período pós-programa?
Slim: Muita gente vem me abordar na rua. Antes até tinham algumas pessoas que me reconheciam pelo meu trabalho com o rap, mas agora aumentou muito essa proporção. Principalmente aqui onde eu moro. É legal ver essa reação da galera, o orgulho de ter ido alguém da quebrada. E na agenda tem aparecido várias coisas, várias propostas boas. Eu estou organizando tudo, tem o meu selo da Mokado e também quero retomar o trabalho musical que sempre foi meu foco. Tem acontecido bastante coisa, em relação a tudo, a música, imagem, entrevistas. Mês que vem eu retomo os shows, já tem bastante coisa agendada e aí eu vou sentir se vem uma galera nova também. A repercussão esta muito boa, eu acho que ter entrado e saído de lá com o caráter intacto ajudou bastante.

Quais são os seus projetos para o futuro?
Slim: A ideia na real é retomar os projetos. Eu quero dar um gás na Mokado, nos discos, nas camisetas, shows, videoclipes. Eu já tinha algumas músicas novas escritas, já estou vendo com alguns amigos para produzirem. Então o projeto é fazer música, ensaiar bastante, trabalhar muito, mas bem focado na parada do rap mesmo, que é o que eu mais amo fazer. E eu acho que foi para isso que eu nasci. Já fiquei três meses lá dentro sem poder compor e gravar, agora eu estou na febre, na pilha de fazer muita coisa.

Deixe uma mensagem para os seus fãs…
Slim: Fiquei muito feliz pelo apoio, pelo carinho que eu tenho recebido, pela confiança e pela demonstração de se sentirem representados. Eu acho que isso é uma parada muito foda, as pessoas se vem em você e tem orgulho disso. Principalmente as que sempre acompanharam o meu trabalho, sabem das dificuldades e sabem a pessoa que eu sou e se mantiveram firmes, me defenderam quando foi preciso, choraram junto comigo. Eu acho que isso é uma parada muito foda. Eu nunca pensei que o dia a dia numa casa poderia passar alguma ideologia, algum sentimento, fazendo coisas comuns. Mas eu acho que os maiores exemplos estão nas coisas comuns, de como você agi diante de uma situação normal. Agradeço mesmo de coração pelo apoio de todos. Ainda não consegui agradecer todo mundo, não deu de fazer isso. Mas aqui eu deixo um abraço geral,  que todos se sintam abraçados. Agradeço de coração por todo apoio a quem esta comigo desde o início em todas as lutas e também quem chegou agora apoiando, acreditando. Valeu mesmo, aquele abraço! Vamos seguir na luta porque a batalha ainda continua. Muita paz, amor e vamos vencer, nascemos para vencer e sorrir. Seguiremos sorrindo e lutando…

Acompanhe o trabalho de Slim Rimografia:
www.slimrimografia.com
www.mokado.com.br

Avatar

Leave a reply