Ouça aqui “Rá!”, o novo álbum de Rodrigo Ogi
Poucas pessoas conseguiram descrever com tanta propriedade como é a vida na cidade de São Paulo. Se Crônicas da Cidade Cinza já era bom, preparem-se para ouvir “Rá!”, o novo disco de Rodrigo Ogi que chega com 16 faixas produzidas por Nave.
Para esse trabalho ele vem ainda mais potente, já que Ogi se dedicou a aprimorar técnicas de flow, métrica e melodia. Ele também avisa que evoluiu como ser humano, e garante que Rá! chega com uma qualidade superior ao disco anterior.
Conheça mais sobre Rodrigo Ogi nesta entrevista exclusiva feita pela revista Rap Nacional:
Como e porque você começou a cantar RAP?
Rodrigo Ogi: Quem me apresentou o rap foi meu amigo Big Edy no final dos anos 80.
Nós somos amigos desde os quatro anos de idade e o irmão dele mais velho já curtia. Então ele nos apresentava vários sons.
Fiz minhas primeiras rimas em 93. Eu e o meu amigo DJ Big Edy. Na época ele era MC e formamos um grupo chamado Raciocínio, Educação e Dignidade (RED). Nos apresentamos em algumas escolas de bairro e em um concurso de rap que rolava no Tio San Club. Eu levava a parada mais como hobby, então em 95 decidi não mais compor e apenas ser ouvinte e apreciador de rap.
Em 2002 voltei a compor e formei o Contra Fluxo junto com o próprio Edy, o Dejavu, o DJ William e o Mascote. Em 2005 lançamos nosso primeiro disco chamado Missões e Planos. Em 2007 lançamos o disco duplo chamado SuperAção. No segundo disco o Munhoz entrou para o grupo. Fizemos vários shows com essa formação e daí pra frente resolvemos dar um tempo com o Contra Fluxo.
Eu continuei estudando e aperfeiçoando as rimas e em 2011 lancei meu primeiro disco em carreira solo chamado Crônicas da Cidade Cinza.
Porque você faz RAP?
Rodrigo Ogi: Eu nunca fiz parte de outro estilo musical a não ser o rap. Sou cria do rap mesmo.
Ouvindo Holocausto Urbano do Racionais, aquilo pra mim ensinou mais do que a escola. Ali eu tive consciência social. As paradas que eles cantavam se encaixavam perfeitamente com o que acontecia no meu bairro.
Eu sem o rap não existo. Rap é a forma de dizer pro mundo que eu existo.
E o pixo, continua?
Rodrigo Ogi: Comecei a pichar em 95 e fiquei nesse rolê por vários anos. Hoje me aposentei, mas continuo admirando muito a cultura dos rabiscos.
Você já fez ou tem vontade de fazer algum projeto literário?
Rodrigo Ogi: Tenho muita vontade de escrever um livro. Estou amadurecendo a ideia.
Conta pra nós alguma história surpreendente de algum pixo que foi fazer?
Rodrigo Ogi: Uma vez em Santo André, mais precisamente em 96. Eu e mais alguns amigos estávamos pichando e fomos abordados por seguranças de rua. Apanhamos pela avenida toda e quando fomos dispensados, já com vários hematomas e com corpo e roupa toda pintada de spray, a polícia nos pegou. Eles começaram o espancamento na madrugada e só nos liberaram ao amanhecer. Consegui chegar em casa só a tarde. Sem camiseta, sem tênis, só de bermuda e todo sujo de tinta.
O que influência os temas das suas letras?
Rodrigo Ogi: As coisas que vivo. Os livros, gibis e filmes que vejo.
Sempre tive facilidade em contar histórias. Na época de escola minhas redações eram sempre assim, contando alguma história.
Qual o momento mais difícil da sua vida?
Rodrigo Ogi: O dia que perdi minha mãe.
E o melhor momento?
Rodrigo Ogi: Quando lancei o Crônicas da Cidade Cinza.
Você segue um estilo que a primeira geração do rap fez muito, que é contar histórias. Porque você acha que alguns grupos de rap pararam de narrar histórias?
Rodrigo Ogi: Como disse antes. Tenho muita facilidade em contar histórias. Leio bastante.
Não acho que pararam de narrar histórias, nesse último disco do Racionais eu vi muito disso. Brown é um exímio contador de histórias.
Como foi a aceitação e alcance de “Crônicas da Cidade Cinza”?
Rodrigo Ogi: Com o Crônicas eu tive a chance de colocar meu nome no mapa. Concorri a dos prêmios na MTV. Consegui viajar por vários cantos do Brasil pra fazer shows. Com o Crônicas eu consegui tirar meu sustento apenas fazendo rap.
Como chamará o novo disco e quando será lançado?
Rodrigo Ogi: Se chamara RÁ!
A previsão é que seja lançado em julho ou agosto.
Quantas faixas, quais as participações e quem produz?
Rodrigo Ogi: 16 faixas todas produzidas por Nave. Participam nos arranjos: Daniel Ganjaman, Thiago França, Kiko Dinucci, Madu, Carlos Café e Donisete Junior. Participam em três refrões: Rael, Juçara Marçal e Mao, do Garotos Podres.
Quais as faixas que você destaca deste novo trampo e sobre o que elas falam?
Rodrigo Ogi: Esse disco eu gosto de ponta a ponta. Evolui como ser humano e isso refletiu na minha escrita pra esse disco. Estudei técnicas de flow, métrica e melodia. Esse novo trabalho eu considero superior ao Crônicas. Aguardem!
Qual será o plano a ser trabalhado neste álbum? Shows, clipes?
Rodrigo Ogi: Já estou planejando clipes, shows e etc.
O que mais vem por aí?
Rodrigo Ogi: Eu não paro de escrever e dessa vez não deixarei passar tanto tempo para lançar outro trampo na rua.
Deixa uma mensagem para os fãs do seu trabalho
Rodrigo Ogi: Agradeço a oportunidade e podem ter certeza que vocês são parte importante pra que eu continue essa saga.