Enidê MC: Das Batalhas de Rua do Brasil a Batalha de Maestros no Chile
Diretamente de Guaratinguetá, Luiz Fernando da Costa Ribeiro, conhecido como Enidê, é o primeiro artista brasileiro a representar o país na Batalha de Maestros, uma batalha de rimas internacional, que acontecerá no Chile, no início de 2024.
A data prevista para a batalha era 10 de fevereiro, contudo, segundo informações da organização, o evento poderá ser adiado para março.
Antes disso, o artista já carregava o legado de ser o primeiro MC a representar o Brasil em uma batalha de rimas internacional, no Uruguai, em 2019.
O artista busca, no que chama de missão latino-americana, resgatar a identidade da América Latina construída ao longo dos séculos nos países que a compõem, a partir da diversidade de sua cultura. Então, mesmo com essa diversidade de construções identitárias, pode-se usar o termo “identidade latino-americana”, na condição da identidade como algo plural e construído sócio-historicamente.
Assim, Enidê produz o que chama de rap latino experimental, que seriam canções, mesclando o idioma português e espanhol, além de colocar beats de outros gêneros musicais que são imprescindíveis no contexto de surgimento do hip-hop, como o reggae.
Quando criança, o artista começou a escutar rap por meio de seus primos mais velhos e pedia a fita emprestada de artistas como, Racionais MC’s, Consciência Humana e Planet Hemp. Enquanto ouvia as músicas, fazia rimas com seus amigos, inclusive as cartinhas que escrevia na escola eram produzidas nesse formato.
Ainda na infância, sempre teve apreço pelo idioma espanhol devido a sua paixão por futebol. Em seguida, conheceu o rap latino por meio do skate, esporte o qual praticava. Entre os artistas que escutava, estavam o grupo Rapper School, Lil Supa, Akapellah, Apache, Canserbero e Control Machete.
Dessa forma, o artista pretende se aperfeiçoar cada vez mais no idioma para dar continuidade a sua missão e aumentar a conexão entre os países latinos-americanos.
Seu primeiro rap escrito foi inspirado na música “Pátria que me Pariu”, de Gabriel O Pensador, quando tinha apenas nove anos de idade.
Dentre os trabalhos do artista “callejero” está a “Pancadarima”, um circuito de batalha de rimas que começou com uma parceria entre ele e a marca “Posso”, que ajudou a trazer muitos nomes para o vale do paraíba e instigam a cultura urbana do país, a produção de shows e campeonatos de skate.
O circuito iniciou no segundo semestre de 2023, em Ubatuba e suas outras edições foram em Caçapava, São José dos Campos e Campos do Jordão. Agora é o momento da grande final que terá dias, horários e local a serem definidos. Fiquem por dentro das novidades!
Na década de 70, no Bronx, o grafite, uma das artes que contemplam o movimento hip-hop, sofria ainda mais marginalização pela sociedade, pelo Estado e era perseguida pela polícia, sendo registrada pelos artistas por meio de uma tag, identidade artística presente nas pinturas, a fim de reconhecer o artista que as produziu.
Sendo assim, mesmo que os artistas começassem a ganhar reconhecimento e espaço para expor as suas obras como as demais pinturas, não se pode esquecer que seu espaço de maior referência, onde se iniciou e ganhou nome, são as ruas.
Se pensarmos por esse lado, não somente o grafite, mas toda a cultura hip-hop começou na rua. Assim, sabendo que “calle”, significa rua em espanhol, não teria melhor definição para o representante do nosso país na batalha de “maestros”, do que “artista callejero”.
Além disso, Enidê foi o único brasileiro a fazer parte da coletânea mexicana, “Trotamundos”, idealizada pelo DJ Bad Panda e possui sua própria marca de roupa, com o nome de “Malako Soy”, que também nomeia a 7° faixa do EP “Do 012 ao infinito”, produzido em 2014, junto com o Skeeter Beats.
Enidê nunca deixou de ter a sua vida desvinculada da arte, buscando explorar cada vez mais a parte dela que habitava em si. Suas inspirações são Racionais MC’s, RZO, Consciência Urbana, Black Alien, SNJ, SpeedfreakS, Facção Central, Dina Di, Sabotage, Realidade Cruel, Detentos do Rap, Max B.O e 509-E. Além disso, ao longo de sua carreira, teve parceria com
Dalsin, Skeeter Beats, Rzo, SNJ, SpeedfreakS e N Harden, da Colômbia, participação em shows com Max B.O, Fabio Brazza, Gabriel Pensador e abriu um show do RZO.
Ainda, em 2013, Enidê proporcionou que o livro do rapper Eduardo Taddeo, do grupo Facção Central, fosse lançado na Escola Broca Meirelles, onde estudou no bairro Campo do Galvão, em Guaratinguetá.
Em 2012, Callejero é campeão da Rinha dos MC’s, batalha de rimas produzida pelo artista Criolo.
Antes de seguir carreira solo, o artista fez parte de um grupo de rap, entre os anos de 2003 e 2009, juntamente com A2, DJ Glauber GBR, Oliveira e Det.
Além de artista, Enidê também é jornalista e se formou na Universidade de Taubaté (UNITAU), em 2014. Nessa época, a Universidade lançou um jornal, o qual o artista era responsável em parceria com outros colaboradores. Nessa função, teve a oportunidade de entrevistar artistas já renomados como, KL Jay, Sandrão do RZO, AXL e Síntese, ademais de publicarem matérias sobre relevantes nomes da história mundial, como Martin Luther King, Madre Tereza de Calcutá, Malcolm X e Mandela.
O artista possui, até o momento, 3 EP’s e uma mixtape, sendo:
“Os fatos não se esgotam”, 2003
“Los hechos jamás se acaban”, 2009
“Do 012 ao infinito”, 2014, em parceria com Skeeter Beats
“Mangueando vou”, 2018, mixtape lançada em comemoração às 12 mil cópias vendidas de forma independente
Desse modo, sabe-se que mesmo a partir dos anos 90, quando rap ganha as rádios e as indústrias fonográficas e altera o cenário cultural do país, dando visibilidade àqueles excluídos unicamente pela existência do sistema, principalmente, a população preta periférica, ainda há um caminho muito longo a se percorrer para que, não só o rap, mas todo o movimento hip-hop deixe totalmente de ser marginalizado. Então o apoio é indispensável para que os artistas independentes alcancem seus espaços.
Enidê, é um talentoso artista independente, que enfrentou desafios em sua jornada musical e está em busca do nosso apoio financeiro para concretizar sua viagem ao Chile e você pode fazer parte disso!
O artista está há um ano buscando apoio para participar da batalha de maestros e você pode ajudar a mudar esse cenário. O artista acredita que a sua relevância é para quem o reconhece, embora todos nós influenciamos alguém por meio de comportamentos e atitudes, de um irmão mais novo até as fronteiras que sua música pode chegar. Eu apoio e você?
Para contribuir e conhecer mais sobre o trabalho de Enidê, você pode encontrá-lo nas redes sociais:
Vaquinha online:
https://www.vakinha.com.br/vaquinha/enide-mc-brasil-en-batalla-de-maestros
Instagram: @enidemc
YouTube: Enidê MC
Spotify: Enidê MC
Sua colaboração será fundamental para ajudar este artista a alcançar novas experiências e expandir sua arte.
Por fim, Enidê deixa uma mensagem para todos que compartilham do mesmo sonho: “É importante os estudos para quem está começando e fé para quem já chegou lá. Cada um enfrenta sua batalha diária, mas é o amor que nos faz continuar”. O objetivo de Enidê é continuar lutando para que mais pessoas representem o Brasil em batalhas de rimas internacionais.