Crônica Mendes é destaque no jornal Brasil de Fato

O rapper Crônica Mendes, que está trabalhando em seu disco solo, concedeu uma entrevista para o jornal Brasil de Fato.

A poesia que questionava o descobrimento do Brasil ou então o porquê do catolicismo ser a religião predominante numa terra indígena, fez com que o pequeno poeta Dequinha refletisse criticamente o conteúdo dos livros escolares. No entanto, aos doze anos de idade, quando teve o primeiro contato com a música rap, a poesia do garoto se transformaria em crônica musical da periferia.

Consagrado hoje no rap nacional com o vulgo que consolidou sua identidade com a música, Crônica Mendes ingressou no grupo A Família, em 2004. A partir daí, ficou nacionalmente conhecido após gravar as músicas “Brinquedo Assassino” e “Castelo de Madeira”, que retratam o dia a dia de quem mora na periferia. “O rap é o maior cronista da favela”, afirma.

Hoje, aos 31 anos de idade, Crônica escreve poesias, contos e pensamentos sobre a música, as pessoas e o mundo. O rapper e compositor prepara seu primeiro álbum solo com a promessa de mostrar um lado diferente daquele já visto nos trabalhos com o grupo A Família. “Não é um disco futurista. Não é um disco antigo. Não é um disco moderno. É um disco atual acima de tudo. Simples e atual.”

Ao Brasil de Fato, Crônica Mendes falou sobre a importância dos saraus nas periferias, a nova geração no rap nacional, o funk e a relação entre o hip hop e a política.  “Tem muito rap da moda que não tem compromisso nenhum com a política, isso me preocupa muito. Eu acho que o rap politizado tem que mostrar mais as caras.”

“Nova cara do rap”

Nos últimos anos o rap nacional vem passando por uma etapa de mudança, com novos grupos no cenário, novos estilos musicais, mas nem sempre com viés politizado. Crônica caracteriza essa mudança como um conflito de gerações, que já ocorreu com outros estilos musicais.

Entretanto, ele ressalta que, por outro lado, há também outros grupos novos que não seguem essa linha, e mantém seu compromisso com os valores originais do rap. “Só que infelizmente tanto a mídia quanto o público preferem essa rapaziada mais nova que não mantém mais esse compromisso. Então eles são toda hora pautados por aí.”

Mas e o rap, Crônica, continua politizado? “Se eu falar pra você que o rap não continua politizado, eu tenho que parar de fazer rap, porque eu continuo fazendo rap politizado, o Gog continua fazendo rap politizado, os saraus continuam recebendo rappers politizados. Mas infelizmente as pessoas preferem pautar o rap que não faz isso.”

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Fonte: Brasil de Fato

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