Artigo: Retrato de um playboy – Por Toni C.

Gente amiga.

Pois é! Eu sou playboy e vivo na praia, amo o mar, amo a natureza, amo esse nosso Brazil.

Eu poderia ficar tranquilão por aqui faria umas merdas no trânsito, dava uns vexames nos camarotes das baladas, briga com a namorada, porrada… Mas não, o meu avó fez questão que eu fosse para a política, imagine vocês! Dizia ele, que era para ver se eu tomava juízo. Hahaha!

Me pedia uns trabalhos chatos, queria que eu fosse o office-boy da família, só pra me ocupar. Me enchi daquilo.

Aí com 17 anos eu já trabalhava, tá bem, sejamos sinceros eu estava empregado na folha de pagamentos da Câmara lá em Brasília, assessorando meu coroa que era Deputado, mas não arredei o pé das curtições do Rio de Janeiro, eu era um garotão prodígio, dá uma saudades daquele tempo. Aos 25 anos eu já estava como diretor da Caixa Econômica Federal nomeado pelo Sarney. Uau, até eu me espanto, isso é ascensão de verdade, não uma pessoa que malemá comia uma vez ao dia e agora come três vezes graças ao Bolsa Família. Daqui a pouco teremos uma epidemia de obesos entre os mais pobres, ai eles vão criar o que? Bolsa academia?

Tudo culpa daquele Sapo Barbudo e da “Fortinha” como disse FHC… é a Marina estava certa, a presidenta é uma mangagá, mas o povo não quer mais um tucano, preferem um pavão, esbelto, de boa plumagem.

Já vou logo avisando eu não admito gente que fala mal dos outros pelas costas. Ou vocês acham que eu vivo dentro de redação de jornal? Como queriam criticar a segurança pública o desvio na saúde enquanto eu era governador de Minas e estava aqui no Leblon pegando um sol? É inadmissível, liguei para minha irmãzinha e pedi para que ela resolvesse essa situação chata. Até que me emputeci disso e criei minhas próprias rádios com a mamãe, enviei o dinheiro da comunicação do estado pra lá e aí só notícia boa. Adoro essa minha família, minha irmã me ajuda muito, o meu tio, meus três primos e as três primas que trabalhavam comigo no Governo de Minas, ou vocês acham que é fácil comandar aquele estado daquele tamanhão de frente pra esse marzão? O telefone não parava de tocar, tinha que desligar, para poder relaxar um pouco.

Mas eu sou um homem grato, para recompensá-los espalhei uma meia dúzia de aeroportos perto de cada um, assim a família fica mais unida. Sabe, com aquela comidinha mineira…

Sobre o uso de cocaína, prefiro não comentar. Vocês não acham que se eu não tivesse nada a temer eu já não teria apresentado uma bateria de exames comprovando que estou limpo e acabava logo com a essa discussão? Há! Mas se eu me recusei a assoprar o bafômetro, porque nem carta de motorista eu tinha, não será agora que vou meter meu nariz nesse assunto.

Mas vamos falar de campanha, eu que nunca perdi nenhuma… A da Prefeitura de Belo Horizonte não conta, eu era estreante e o eleitorado um povinho ignorante que não sabia votar.

Vocês acham mesmo que estou interessado em melhorar esse país? Que eu gosto de pobre?

Pois tenham certeza, do fundo do meu coração, eu digo com toda a sinceridade que gosto de mais dos pobres. Gosto tanto, que quero que continuem pobres, ou quem irá servir aquele drink gostoso de fim de tarde? Quem vai lavar, passar, cozinhar, consertar (…) ? Precisamos por ordem neste país. Empregada doméstica agora tem carteira assinada, décimo terceiro e férias? Precisamos voltar aos bons costumes em que a gente dizia para criadagem que era quase como se fosse da família. Hoje não, você vai para o aeroporto e parece rodoviária, vai para a faculdade e parece quermesse da igreja, de tanto pobre para todo lado.

Eu votei contra ao aumento do Salário Mínimo em 2011 e voto de novo se for preciso.

A nossa parte estamos fazendo, você não tem visto as pesquisas? Se o meu eleitorado sonha com o Botox, porque eu não posso colocar Botox nas pesquisas eihn!? Uma Lipozinha nas rejeições e o resultado é sarado.

Ganhei a simpatia sendo quem sou: não preciso pedir para esquecerem o que eu escrevi, nunca escrevi nada mesmo. Não precisei colocar aquele colete brega com o logotipo das estatais. Não finjo que fui atingido por uma bolinha de papel. Sou só eu mesmo. Faço de conta que a seca em São Paulo, a corrupção nos Metrôs, o Mensalão Mineiro, a compra da reeleição a derrota no primeiro turno em Minas Gerais não tem nada a ver comigo, digo que sou o novo. Poderia até trabalhar no Projac, mas não, resolvi ser presidente. Pensa bem, se eu tivesse qualquer compromisso com o Brasil, tinha aceitado ser vice do Serra na eleição anterior, não é verdade? Eu disse para a Marina que vou acabar com a releição. Ahahaaaha Éssa é boa, ela quem começou, me apoia agora depois de passar o primeiro turno inteiro afirmando que a polarização é prejudicial. Até o Ronaldinho tentou me defender, mas ele quando jogava nunca foi de ficar na zaga. Alexandre Frota é outro intelectual (glup) que tentou me ajudar, tem que aprender a comer pelos cantos. Eu me viro.

Os debates na TV são iguais goiabada com queixo. Eu digo que o pai dos programas sociais é o Fernando Henrique Cardoso, a candidata rebate dizendo que pai é quem cria, ai eu faço aquele teatro: “Candidata, tire o olho do retrovisor, vamos discutir o futuro…” Mudo rapidinho de assunto e ataco a Petrobras, falo do medo que o PT dá na gente. Tá pensando que é mole assistir aquelas fitas VHS da Regina Duarte, os debates com o Caçador de Marajás para aprender a ter aquela segurança, aquela altivez, é muito treino na frente do espelho meu povo. Parece que até vejo o Lobão e o Reinaldo Azevedo se regozijando no ápice da discussão, solto as pérolas: “Quer que esse país vire Cuba?” Não preciso explicar que a saúde e educação em Cuba tem índices melhores que o dos EUA e Europa juntos, daqui a pouco eles vão desenvolver a cura para o Ebola e acabar com a histeria dos de todo mundo.

O que me chateia é que a minha adversária tem o mesmo tempo que eu para falar nos debates, nessas horas eu me pergunto: cadê o William Bonner quando a gente precisa dele? É sempre a mesma ladainha, diz que criou empregos, que tem mantido as taxas de juros controladas apesar da crise global, conta sobre os programas sociais, termina sempre me provocando com aquela história que quer comparar projetos. “Projeto? Hora faça-me o favor qual é meu projeto candiata?” Eu penso com os meus botões. “Você não estava escutando eu dizer que vou dar continuidades nos seus?” Na real depois o Armínio Fraga descide o que faz com essa conversa de projeto. Eu simplesmente dou aquele sorrisinho, digo que ela esta sendo leviana e peço para elevar o nível do debate. Pronto.

No dia seguinte os jornais dizem que eu venci, se falarem o contrário, a porta da rua está logo alí, que o Xico Sá sirva de exemplo para o Noblat e companhia. Assim quem sabe eu consigo aumentar o nível de desemprego nessa reta final.

Mas para realizar isso tudo eu conto com seu voto!
Para poder tomar conta do Brazil!

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