São Paulo 459 anos – Por Alessandro Buzo

Por: Alessandro Buzo

São Paulo é ÚNICA.
É Cinza. Ou não. Depende do ponto de vista.
SP comemora hoje, 459 anos.
Diversidade. Com certeza essa palavra também define a metrôpole.
São Paulo da Av Paulista, do Ibirapuera, de Moema, Jardins, Frei Caneca, Vila Madalena, Jd Europa.
Um mundo de luxo pra quem pode pagar, mas São Paulo é do povo.
Periferia, favela, comunidade. As quebradas é o coração da cidade.
São Paulo do Itaim Paulista, Capão Redondo, Pirituba, Jardim Brasil, Baixada do Glicério, Guaianazes, Campo Limpo, Brasilândia, Perus, Bixiga, São Matheus, Jd Irene, Real Parque, Paraisópolis, Heliópolis, Vila Prudente, São Miguel, Ermelino, Grajaú. Enfim…… toda quebrada com sua gente batalhadora, sua cultura, é parte dessa cidade muitas vezes desigual.
Terra da Gastrônomia pra quem pode pagar, seus melhores restaurantes não são pro bolso da maioria.
Mas o povo vai de churrasco, cerveja e samba. Mas vai também de RAP, funk, Axé, sertanejo, forrô…. na hora de curtir um som é assim, tem pra todos os gostos.
Um dia terra da garoa, hoje da enchente. Como sofre nossa gente.
São Paulo não para, mas não tem transporte 24 horas.
São Paulo é moderna, mas a repressão policial nas periferias é antiga e vivemos em tempos de bala e sangue.
Mas São Paulo com tanta gente, para no trânsito muitas vezes, povo sofre com transporte coletivo caro e cheio.
Quem diz que na periferia não da pra curtir: – Mano (e mina), chega ai.
A periferia tem seu lado cultural, a cena é grande…. Hip Hop, saraus, circo, teatro, dança e um exército de guerreiros e guerreiras que ousaram viver em vez de só sobreviver.
Falta apoio, patrocinio e muitas vezes estrutura, mas nunca vontade e disposição.
São Paulo é tudo isso e muito mais.
Existe muito amor em SP, mas como todo lugar cinza, com uma polícia violenta, com jovens que poderiam estar na faculdade sendo recrutado pelo crime, com a desigualdade social. Muitas vezes parece que nem existe mais amor.
Mas o cartaz na parede grita: MAIS AMOR POR FAVOR.
É bonito a Paulista no natal, as luzes no Ibirapuera.
Mas deveria ser bonito também no Jardim Rosana, Jardim Romano.
A cidade é uma só. Nas ruas e nos farois, todos se cruzam.
Os ricos e os pobres.
O bom e o mau.
Só existe Paraisópolis porque ali mora a mão de obra do Morumbi.
Mas se a pessoa paga mais num almoço do que de salário da BABÁ que cuida do seu filho, um dia essa desigualdade cobra seu preço.
Enquanto a pessoa for segurança e a carteira dele estiver vazia, vai dar espaço.
Não sou pessimista, não quero botar o terror.
Vomitar algumas verdades no dia do aniversário pode parecer pessimismo.
Mas não é nada disso, só que eu vivo na São Paulo por inteiro.
Quando tenho um corre, um trabalho na Av Paulista, num bairro nobre, numa faculdade. Sim, gosto dessa São Paulo também.
Mas gosto da favela desde antes de se chamar comunidade.
Sou mais um futebol de várzea, um pastel na feira, o boteco da esquina.
Cresci nesse mundo, faço parte dele.
VC sai da favela, mas a favela nunca sai de VC, sabe porque ? Pela sua origem…..
Sou nascido e criado no Itaim Paulista, amo esse lugar e sua gente. No fundão da leste é meu bom lugar.
São Paulo precisa resolver seus problemas, trânsito, transporte coletivo, saúde, coleta seletiva.
Precisa campanhas pra não se jogar lixo nas ruas, precisa combater o CRACK.
Não só maquiar os problemas pra receber Copa do Mundo, a COPA dura 30 dias e nós vivemos em São Paulo 356 dias por ano.
Desculpa qualquer coisa, mas quero poder escrever palavras mais bonitas, quando São Paulo completar 500 anos.
Mas a gente ama essa cidade com todos seus problemas.
Vai entender ? O amor é cego ?
Não, São Paulo tem muita coisa boa.
Lembro uma vez, eu cruzava o Viaduto do Chá, sem um real no bolso, sem dinheiro nem pra almoçar. Foi nesse dia que pensei.
– Se EU não der certo nessa cidade gigante, com todas suas possibilidades, vou ter sucesso onde nesse mundo. Encarei a cidade de frente e vivi suas ruas, noites, dias.
Sempre de forma intensa, amei, briguei.
Posso dizer, com autoridade de 40 anos de São Paulo.
TE AMO.
Parabéns São Paulo, 459 anos. 


Alessandro Buzo é escritor.

 

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