Ca.Ge.Be lança o CD Vilarejo
Oba! Clareou! Os Gênios do Beco voltaram e não vieram sozinhos, trouxeram rimas e batidas que prometem ecoar pelo Brasil.
“Diversidade, assim podemos sacudir as estruturas tradicionais da música”, é com essas palavras que Cezar Sotaque define o mais novo álbum do Ca.Ge.Be, e se posso expressar minha opinião, digo que o Vilarejo vai além, ele te leva batidas e letras inovadoras, ao mesmo passo que te leva ao clássico à atemporalidade do Rap, e neste vaivém o disco flui, carregado de informações, amor, ódio, respeito, paz, indignação, harmonia, emoções e sensações que foram prensadas e transformadas em timbres, vozes, ruídos e bases, dando vida ao Vilarejo, com este título, Ca.Ge.Be lança seu segundo CD.
Cada Gênio do Beco, no ano de 2000, esses gênios do beco, Cezar Sotaque, Shirley Casa Verde e Dj Paulinho, se uniram e assim começa a caminhada deste grupo de Rap Paulistano que diferentemente de muitos outros gênios residentes nas periferias, puderam expor seu talento “ a situação periférica ainda e bem difícil, migalhas são oferecidas a população. E isso é muito pouco. Precisamos de mais oportunidades para o estudo, o trabalho autônomo entre outras coisas, os Gênios dos Becos estão por toda parte, mas nem sempre estão visíveis e com chances de mostrar e aprender habilidades”, comenta Cezar Sotaque.
O novo álbum
O Cd intitulado Vilarejo traduz a vivência dos que acreditam em relações humanas, especificamente a música vilarejo, reporta a pensarmos em espaços físicos de becos, vielas, cortiços, vilas e bairros, de uma maneira menos ligada ao que se constrói fisicamente, mas sim, construções emocionais, a naturalidade dos que dividem o mesmo espaço e vivem uma harmonia do cotidiana “o Vilarejo é um grande quintal, que acomoda famílias e sentimentos. Numa analogia com o passado percebemos que hoje, ainda continua existindo vilas como antigamente, costumes, hábitos e cultura. As vilas de hoje são imensas com casas de madeira ou alvenaria que estão ligadas fisicamente e emocionalmente umas nas outras, e preservando o contato direto entre as pessoas” sintetiza Cezar, o professor de história que carrega consigo o conceito de rua, da necessidade do Rap não sair dela, e mesmo alcançando patamares e localidades diferentes, acredita que um bom filho deve sempre voltar a casa da mãe, neste caso o Hip-Hop voltar a ocupar as ruas.
Passaram-se 05 anos desde o lançamento do primeiro cd do grupo “ Lado Beco”, foi um pontapé inicial à produção que vemos hoje, mais maduros, com histórias novas e mudanças, o Vilarejo foi uma obra construída com calma, juntando composições, arranjos e rabiscos o álbum trás parceiros de renome na somatória deste disco “produção executiva e artística foi do KL Jay, Arte Gráfica de Alexandre de Maio, Clipe das músicas Maria Madalena e Oba Clareou filmado com Vras 77, e participação de Edy Rock em uma das músicas, todos essas pessoas são parceiros que já curtiam e respeitavam o nosso som, assim se colocaram a disposição para fazer este novo trabalho acontecer”, comenta Sotaque.
Duas particularidades do Ca.Ge.Be são: o trabalho em família e a presença de uma mulher como MC, sobre a primeira delas, vemos um equilíbrio entre pessoal e profissional muito positivo “trabalhar em família tem suas vantagens, podemos discutir mais sobre o grupo, pois estamos mais próximos, tentamos conciliar a vida familiar e a artística sem misturar as coisas. O que eu(Cezar Sotaque) penso não interfere no que a Shirley pensa”, explica.
Autonomia Feminina
“Mulheres quebrem as vassouras ”, canta Shirley Casa Verde, como um alerta, um apoio à mudança de comportamento e a afirmação da mulher como profissional, sem ter que se anular ou se redimir a submissão masculina. Apesar do discurso forte, a MC não se vê como representante de uma classe, apenas canta o que acredita “sou uma lutadora, que acredita na força e independência que a mulher tem, a mulher historicamente vem construindo e demonstrando que o mundo pode ser de todos e construido por todos, hoje temos mulheres no poder executivo em vários países do mundo, isso é uma demonstração de que a mulher sempre foi forte, e que precisa mesmo é de espaço para poder por em pratica suas idéias e ações”, desabafa.
Sem poupar questões históricas e sociais, Ca.Ge.Be, coloca o dedo na ferida, para sangrar mesmo, e canta Maria Madalena, uma alusão a prostituta retratada nos textos bíblicos, que foi apedrejada e julgada pelo censo comum, a Maria Madalena contemporânea, é cantada por Shirley e Cézar como aquela mulher trocada por uma moeda, que expões sua vida, seus sonhos e seu corpo e é julgada, apedrejada com palavras por pessoas que as julgam sem conhecimento da real história de cada uma “precisamos entender todo o contexto histórico para poder tentar opinar sobre o que é certo ou errado, é fácil discriminar alguém por aquilo que a sociedade ‘elitizada’ classifica como incorreto. Mulheres de classe média e alta mostram o corpo em revistas masculinas e ninguém acha imoral. Mas se uma moradora de favela estiver mostrando o corpo em qualquer esquina do Brasil, ela logo será apedrejada e classificada como prostituta” dispara Cezar Sotaque.
O vilarejo mais que um CD é uma obra, um sentimento que da ênfase a idéia de ajuda comunitária “a música é o combustível que alimenta nossas esperanças, O vilarejo simbolicamente é aqui. Não podemos perder de vista a humanidade, sem isto nada faz sentido. Este disco e um livro, com paginas que precisam ser lidas e entendidas”, finaliza Cezar Sotaque.
Clipe Maria Madalena com direção de Vras 77 e Alexandre de Maio
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Vilarejo com Part. de Edy Rock
[audio:http://www.rapbrasileiro.com/mp3/Vilarejo.mp3]
http://cagebeovilrejo.blogspot.com/
Show
14/01 L0cal: Comunidade Negra de Indaiatuba – Bairro: Cecap
Horário: à partir das 12H